Cada dia o mercado tem deixado mais clara a necessidade de uma gestão profissional nas empresas, seja ela privada ou do terceiro setor. Isso não significa apenas empresários e acionistas com visão do negócio que pretendem iniciar ou fortalecer, mas também disposição para assimilar e aplicar conceitos e criar instrumentos de normatização para dar segurança ao empreendimento, dentro de uma dimensão moderna, conectada ao mundo em suas mais diversas perspectivas.
Além de competência e capacidade resolutiva, o mercado exige que as iniciativas estejam fundamentadas em princípios éticos e morais, dimensionados claramente, em linguagem universal, no planejamento estratégico e em todas as prestações de contas e de desempenho. A busca da transparência tem que estar acima de tudo, para que os agentes de mercado tenham condições de avaliar os apontamentos sem dificuldades. Por isso, tanto as legislações como as boas práticas que valorizam a consolidação da governança corporativa precisam ser levadas adiante, em qualquer tipo e tamanho de empresa.
Segundo o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), governança corporativa são as práticas e os relacionamentos entre acionistas ou quotistas, Conselho de Administração, Diretoria, Auditoria Independente e Conselho Fiscal, com a finalidade de aprimorar o desempenho das empresas e facilitar seu acesso ao capital. Além de garantir a transparência necessária para o mercado agir, a boa governança, por si só, agrega valor ao empreendimento por demonstrar que as decisões internas são orientadas por profissionais e fruto de percepção acurada do mundo dos negócios.
No entanto, somente uma pequena parcela das empresas brasileiras está familiarizada à linguagem da governança corporativa. Segundo a Secretaria da Receita Federal, a maioria das empresas ativas no país é micro e pequena e seus proprietários não estão preparados para dimensionar a importância desses procedimentos de gestão. Em geral, acham que seus projetos conseguem se sustentar apenas com boas ideias. Por isso, acabam sucumbindo devido à falta de assessoria e ajuda profissional. De acordo com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), somente 64% das empresas sobrevivem após o primeiro ano. Das sobreviventes, somente 34% conseguem permanecer em operação após dois anos. Após cinco anos, somente três dos 100 empreendimentos originais continuam em pé. Das 500 Maiores e Melhores Empresas, segundo a revista Exame, poucas são as que permanecem nessa posição por várias décadas.
Pelo retrato nacional do empreendedorismo, quando o empresário brasileiro se depara com o tema governança corporativa acaba fazendo relação direta com as grandes corporações, se esquecendo, por exemplo, que estamos falando em diretrizes, registros, fiscalização e controle de resultados, fundamentais em qualquer empreendimento. São normas que evitam o descontrole e abrem caminho para o crescimento sustentável.
Quando se trata de conselho fiscal e conselho consultivo, instrumentos da governança, é claro que a pequena empresa não está ainda em condições de bancar uma estrutura profissionalizada, aos moldes internacionais. Mas o passo inicial para se chegar a esse ponto pode ser um bom relacionamento com consultores especializados. O Sebrae e as entidades de classe também estão sempre organizando cursos e palestras para orientar seus associados nesse sentido. O diálogo com outros empreendedores amigos, de preferência os que são bem-sucedidos, ajuda muito na troca de experiência. É imprescindível que o empresário receba o serviço de uma boa empresa de contabilidade, onde normalmente estão pessoas habilitadas para tratar do assunto.
Numa segunda etapa, quando o empreendedor já obtiver sucesso e conseguir a expansão prevista em seu planejamento inicial, deve dar novos passos, contatando gestores de fundos de investimentos, por exemplo. Eles costumam ser fontes de boas ideias para o negócio e dirão, com muita clareza e objetividade, quais as iniciativas e ações que valorizam e desvalorizam o seu projeto. Ainda nessa segunda fase, a troca de experiência pode ser feita via organizações de classe, com grupos fechados de empresários.
O IBGC (www.ibgc.org.br) desenvolveu o Código Brasileiro das Melhores Práticas de Governança Corporativa com muitas orientações que podem ser aplicadas em empresas de qualquer tamanho. Tendo em mente a consolidação de seu projeto, leve em consideração dicas como as que seguem:
Dicas de conduta
· Admita que você não sabe tudo. Você pode saber muito sobre a alma do seu negócio, mas pouco e insuficientemente fora dele.
· Você precisa procurar conhecimentos e experiência que necessita agora ou necessitará no futuro.
· Peça ajuda. Peça indicações ao seu contador, advogado, auditor e a outros conselheiros profissionais.
· Em geral, um Conselho inclui contador, advogado, especialista em marketing e assessor financeiro. Uma ótima fonte são empreendedores bem-sucedidos em outros campos de atuação. Eles já aprenderam muito com seus próprios erros e sucessos. São bons “santos milagrosos” (“rain makers”). Podem trazer chuva para a sua horta.
· Seja claro em relação ao que você quer, sua visão e objetivos.
· Avise que não quer conselheiros do tipo que só falam amém para tudo que você fala e faz. Você, possivelmente, conhece bons conselheiros, de nome ou pessoalmente, com esse perfil no país.
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