Apesar de a internacionalização ter iniciado tardiamente pelo Brasil, os resultados parecem consistentes. Mesmo diante da crise econômica que afeta os EUA e a Europa, as multinacionais brasileiras estão conseguindo se movimentar com desenvoltura no mercado externo. A prova disso é o volume de dinheiro transferido pelas suas subsidiárias ao país. De janeiro a agosto deste ano foram US$ 22,8 bilhões. Apesar do processo de internacionalização ter iniciado tardiamente pelo Brasil, os resultados parecem consistentes, já que vem se mantendo pelo quinto ano consecutivo. Desde 2007, portanto, tem seguido uma crescente, com aquisições totais ou parciais – por empresários brasileiros – de empresas no exterior. Além do processo expansionista em si, que amplia o raio de ação dos produtos nacionais, para não perder terreno a similares externos, há uma relação direta entre internacionalização e investimentos em inovação, que fortalece a capacidade competitiva do Brasil, com aumento de produtividade, diversificação e, naturalmente, aumento das exportações.
O desempenho positivo tem permitido uma nova reflexão sobre o impacto da internacionalização na economia doméstica. Alguns analistas achavam que os investimentos externos diretos resultariam na contração dos investimentos internos, o que não tem acontecido. Muito pelo contrário, as empresas têm usado a ampliação de suas receitas para se fortalecerem no país. Sem contar que o movimento expansionista tem sido mais evidente nos períodos em que a economia brasileira esteve mais aquecida. Ou seja, o processo expansionista das multinacionais brasileiras está diretamente ligada à retomada do crescimento da economia brasileira.
As grandes empresas predominam nessa corrida global e se posicionam fortemente em países estratégicos. É o caso das produtoras de commodities, como a Vale, Gerdau e Petrobras. Gigantes com alto poder inovador, como a Embraer e Braskem, também seguem o mesmo caminho, focados na disputa tecnológica. Depois aparecem WEG (do setor mecânico), Marcopolo (automobilístico), Sabó (autopeças), Totvs (software), Bematech (hardware), Cacau Show (chocolates), Natura e Boticário (cosméticos), dentre outras. Todas correm contra o relógio para evitar o avesso desse processo, que é a estagnação e perda de dinamismo. Pois sabem que a ampliação do conteúdo tecnológico e a valorização das iniciativas intensivas em conhecimento são a única escolha possível para elevar o padrão de competitividade e sustentar um longo ciclo de crescimento dos seus negócios.
Cientes de que a internacionalização é uma realidade possível, pequenas e médias empresas estão buscando se capacitar para dar esse passo. O governo, via Sebrae, Agência de Apoio às Exportações (Apex), Banco do Brasil, Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Confederação Nacional da Indústria (CNI), Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e International Trade Center (ITC), têm investido para mudar a cultura empresarial proporcionando não apenas a formação, mas apresentando as vantagens e oportunidades da internacionalização e os caminhos para se obter recursos específicos que atendam necessidades diferenciadas. A ótica elementar nessas exposições conceituais é que as empresas entendam que globalização não é algo que acontece apenas fora do Brasil, mas está em ritmo acelerado internamente. E mesmo que as empresas não planejem se expandir, que tenham ao menos essa visão macro e passem a agir como empresas globais.
Teoricamente, existem algumas estratégias básicas para a internacionalização de uma empresa. Há quem defenda um contato primeiro com países de cultura similar, por haver uma relação natural com o novo mercado. Ou seja, para o Brasil, seria mais aconselhável iniciar pela América Latina. Se o caminho for Europa, o ponto de partida seria Portugal. Porém, esta seria uma regra apenas para empresários com pouca ou baixa experiência no ramo. Os empresários experientes, por serem capazes de um diagnóstico bem mais sofisticado de mercados, independente de onde eles estejam, não teriam fronteira. Mas vale a pena observar os estágios apresentados a seguir para dimensionar estratégias de ação:
Estágios de Expansão
· Internacionalização como evolução da capacidade de exportação. Trata-se de um envolvimento que pode ser experimental com o mercado externo, ativo, no qual as exportações tornam-se regulares. Corresponde à atuação em diversos mercados e com mecanismos variados, além da exportação, e implica objetivos de longo prazo.
· Internacionalização como busca de competitividade tecnológica. Característica de países como a Coréia do Sul e Cingapura. Como seus mercados domésticos são pequenos, suas empresas são preparadas para se lançar no mercado externo como fornecedoras de grandes corporações.
· Internacionalização como consequência da capacidade de agregar parceiros. Característica das empresas italianas, que detêm grande habilidade de se apropriar de tecnologias existentes e adaptá-las a um uso específico na produção de bens de alta qualidade.
· Internacionalização como consequência de vantagens competitivas no mercado doméstico. Característica de algumas empresas australianas que, a partir de suas bases locais, estabelecem uma rede de empresas domésticas assemelhadas que usufruem da tecnologia, dos processos de produção e dos sistemas de gestão e controle da empresa-mãe.
· Internacionalização como consequência de exposição internacional. Característica das empresas suecas, as quais se apoiam no desenvolvimento de fortes vantagens competitivas no mercado interno através de conhecimentos específicos de seus negócios e com potencial de expansão sem custos extras para o uso em outros países. São capazes de financiar sua própria expansão através do fluxo de caixa.
Rua Luís Góis, 1592, Mirandópolis, São Paulo - SP
Cep: 04043-200 | Fone: 11. 5079 8588 | Fax: 11. 5079 8585
contato@planaudi.srv.br