O Benchmarking é um conceito que pode ser utilizado como uma ferramenta por sua empresa para observar as melhores práticas do mercado, adotada por outras empresas, independente de seus portes, setores e nacionalidades.
Em termos práticos e resumidos, Benchmarking é o processo de pesquisar empresas e identificar práticas de excelência em termos de resultados em determinado aspecto, acompanhada do estudo de uma possível adaptação (não cópia) à realidade de sua empresa.
Desta forma, as empresas que são consideradas como padrão neste processo de Benchmarking recebem o nome de Benchmarks.
Um dos autores que aborda o assunto de maneira detalhada é Robert Camp, responsável pela publicação do primeiro livro, em 1989, e que serve de referência qualificada para quem deseja compreender e estudá-lo melhor.
Este seu livro, lançado no Brasil em 1993, tem o título de “Benchmarking: o caminho da Qualidade Total”, e foi publicado pela Editora Pioneira.
A publicação de Camp tem referenciais que servem e são aplicáveis a qualquer empresa que deseje construir um jeito de pensar e fazer que conduza à performance melhores, tendo como norteadores, para tanto, empresas que se destacam em áreas e temas específicos.
Como consequência da aplicação do Benchmarking, há aprendizado para sua empresa com as experiências de outras empresas, gerando insights que possam permitir desde uma simples redução de custo, a revisão de determinado processo administrativo, até a complexidade de estabelecer uma estratégica competitiva.
Em termos práticos, uma das primeiras empresas a fazer uso do Benchmarking em suas atividades foi a Xerox Corporation, no final da década de 1970.
Conceitualmente, o Benchmarking é composto por seis gerações. Um resumo destas gerações é apresentado por Marcos Ronaldo Albertin, Holger Kohl e Sérgio José Barbosa Elias num dos melhores e mais completos estudos que há no Brasil sobre o tema. Publicado em 2015 e intitulado como “Manual de Benchmarking”, este estudo de Albertin, Kohl e Elias descreve as gerações e foco do Benchmarking da seguinte forma:
Primeira Geração
Tem o foco nas características e funcionalidades de produtos concorrentes. Esta geração é conhecida como “engenharia reversa”.
Segunda Geração
Tem o foco em comparar o desempenho de processos concorrentes, identificando as melhores práticas, e é conhecida como “benchmarking competitivo”.
Terceira Geração
Tem abrangência maior, comparando processos de empresas não concorrentes e de outras nacionalidades, por meio de processos e funções. Destaca-se por ser “benchmarking de processo”.
Quarta Geração
Pauta-se no aprendizado de estratégias empresariais implementadas com sucesso, quando as empresas começam a fazer uso do Benchmarking como ferramenta de gestão.
Quinta Geração
Tem abrangência geográfica mundial e efetua comparação e aprendizado global de boas práticas com diversos tipos de empresas, seus agrupamentos produtivos, regiões geográficas e econômicas.
Sexta Geração
O Benchmarking é trabalhado com a proposta de operar sua capacidade de respostas e mudanças de mercado e novos desafios empresariais, por meio de comparações da habilidade de aprender e desenvolver competências para implementar estratégias no mercado que se mostra cada vez mais dinâmico, competitivo e exigente. Passa-se a promover um tipo de aprendizado com outras empresas, comparando-se e aprendendo com os melhores.
Para trabalhar o Benchmarking em sua empresa apresentamos, como sugestão, um dos métodos destacados por Albertin, Kohl e Elias (2015) em seus estudos, que funcionam para operacionalizar do Benchmarking e é composto por 5 fases, pautado no estudo de outros pesquisadores que se debruçaram sobre o tema e podem ser identificados nas referências do estudo de Albertin, Kohl e Elias, apresentado no final desta matéria.
A descrição de cada uma das fases é apresentada abaixo, na íntegra (identificada pelo uso das aspas), tendo como fonte de consulta o trabalho dos autores já mencionados:
“Determinar o objeto do estudo (O que fazer?)
A direção da empresa define os objetivos e o objeto do benchmarking com orientação e alinhamento estratégico.
Formar equipe
É definida a equipe de benchmarking. Ela recebe treinamento na ferramenta de benchmarking. A equipe desenvolve o plano de atividades com designação de responsabilidades e as principais etapas do projeto. A duração típica de um projeto é de seis meses. A equipe define os processos que serão comparados. Um conhecimento profundo destes processos é considerado como forte fator de sucesso para o projeto.
Identificar parceiros
A equipe identifica as empresas parceiras potenciais, consideradas world class nos processos definidos na etapa anterior; como exemplo, vencedores de prêmios de qualidade e produtividade. As empresas candidatas são convidadas com a oferta de compartilhamento de informações e relatórios.
Coletar e analisar dados
As informações são coletadas, processadas e comparadas. É importante relacionar gaps nos desempenhos com as práticas que devem ser melhoradas.
Agir
Nesta etapa são adaptadas e implementadas as melhores práticas identificadas nas empresas parceiras. As práticas precisam ser compatíveis com os recursos humanos e com a tecnologia e cultura organizacional. O planejamento das ações e a formulação de objetivos são realizados nesta etapa final.”
Antes de colocar em prática estas fases, caso deseje, comece a fazer pesquisas na Internet sobre o que as empresas estão fazendo e selecione aquelas que chamam sua atenção por algum aspecto qualquer.
Além das pesquisas nos meios digitais, procure entender sobre o tem por meios bibliográficos e, também, por meio de visitas técnicas. Há diversos grupos que organizam missões empresariais inclusive para fora do Brasil.
Lembre-se que não necessariamente essas empresas precisam ser de seu setor de mercado.
Reflita sobre as possibilidades de associação, adaptação e aplicação destes conhecimentos gerados à realidade de sua empresa, sempre com um olhar que permita verificar oportunidades de crescimento e fortalecimento de práticas internas já consolidadas e, principalmente, para a promoção de melhorias em pontos fracos específicos, uma vez que é difícil eliminá-los em sua totalidade.
A partir disto, comece a criar a prática de realizar de dois a cinco projetos de Benchmarking por ano em sua empresa.
Caso deseje saber mais sobre o assunto, recomendamos, em caráter de prioridade, acesso ao trabalho de Albertin, Kohl e Elias (2015) indicado e disponibilizado no link abaixo, respectivamente, tendo em vista sua utilização como referencial de destaque nesta matéria:
ALBERTIN, Marcos Ronaldo; KOHL, Holger Kohl; ELIAS, Sérgio José Barbosa. Manuel de Benchmarking: um guia para implantação bem-sucedida. Fortaleza: Imprensa Universitária, 2015.
https://repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/19482/1/2016_liv_mralbertin.pdf
Carlos Alberto Zem é bacharel em Administração (Unimep), especialista em Administração de Marketing (INPG), Mestre em Administração (Unimep), especialista em Varejo e Mercado de Consumo (USP-Esalq), especialista em Marketing (USP-Esalq) e aluno do MBA em Digital Business (USP-Esalq). Atua também com serviços de consultoria em Marketing Estratégico. É professor universitário em instituições como PUC-Campinas, Senac – Campus Águas de São Pedro, Faculdade de Tecnologia de Piracicaba (Fatep), Universidade Anhembi-Morumbi (Campus Piracicaba) e Faculdade Pecege, além de orientar trabalhos de conclusão de cursos de MBAs da USP-Esalq-Pecege.
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