Um dos assuntos que vem compondo a pauta da gestão de negócios é a sigla ESG. Muito embora ela esteja em discussão há tempos, será ao longo desta década, com vistas até 2030, que o tema será materializado com maior evidência e importância que merece. Um fato que sinaliza isto é o incentivo à discussão que está ocorrendo sistematicamente nos últimos cinco anos.
Por conta disto, talvez você já tenha ouvido, ou não, falar de ESG. Pode ocorrer até de sua empresa já estar numa fase preliminar ou avançada de sua adoção, ainda que isto ocorra por apenas um de seus elementos, como a sustentabilidade, por exemplo.
Pode ocorrer, também, de sua empresa ainda não ter ações concretas para sua implementação, motivo pelo qual, se esta for sua condição, é melhor você, enquanto gestor, tratar do assunto o quanto antes, tendo em vista o fato do ESG estar se tornando, inclusive, fator considerado como de relevância para atração de recursos junto a investidores, além da óbvia e necessária valorização e preferência da marca por parte dos consumidores, que começam a demandar uma postura mais clara das empresas em relação à agenda do ESG e estão muito mais exigentes em outros aspectos que compõem suas decisões de consumo, compra e relacionamento com as marcas, indo além de preço e se pautando em outros fatores, como um reflexo amplificado durante a pandemia da Covid-19.
A sigla ESG, que corresponde, no inglês, a Environmental (Ambiental), Social (Social) e Governance (Governança), articula as questões práticas de sua tradução (social, ambiental e de governança corporativa) no modelo de negócios da empresa.
As questões de foco Ambiental sinalizam a forma e a prática da empresa em relação à natureza e ao uso de recursos disponibilizados para tanto, com foco na sustentabilidade, por exemplo.
No tocante à questão Social, as relações se dão, por exemplo, com as comunidades locais, que estão bem próximas da dinâmica da empresa, assim como das relações mantidas com fornecedores, funcionários, clientes e a sociedade, de maneira geral.
Por fim, há as questões ligadas à Governança, que, de maneira direta, demonstram as percepções e medidas da empresa em relação a questões de sua transparência no trato dos negócios, compreendendo as políticas e práticas que regulam a gestão, abordando temas, por exemplo, como ética e combate à corrupção, entre outras.
Desta forma, é sob estes três eixos que você precisa iniciar a reflexão da prática do ESG na gestão dos negócios de sua empresa, tendo como referência de partida os apontamentos declarados, que demandarão desdobramentos em outras questões afins mais adiante.
Um referencial importante para dar o tom estratégico ao ESG é a Agenda 2030, articulada pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2015 e que contempla um plano de ação para pessoas, planeta e prosperidade.
A referida Agenda indica 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e 169 metas para erradicar a pobreza e promover uma vida digna, respeitando os limites do planeta, conforme destacados na ilustração abaixo:
Ilustração – Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
Fonte: Agenda 2030 (ONU), disponível em www.agenda2030.org.br.
Uma sugestão para acompanhamento desse trabalho e sua implementação na gestão dos negócios de sua empresa pode ser, por exemplo, a adoção do Objetivo 4, que trata da Educação de Qualidade, que visa assegurar a Educação inclusiva e equitativa de qualidade e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos.
Como exemplo de empresa vocacionada a esse objetivo com uma de suas ações, de maneira que você possa compreender sua articulação na prática, está a foodtech IFood, que assinou compromisso de oferecer oportunidade de formação em tecnologia com foco na empregabilidade de mais de 25 mil pessoas das regiões periféricas, impactando mais de 10 milhões de pessoas com oportunidades de educação, capacitação e formação, sendo capaz de beneficiar, por exemplo, nos próximos cinco anos, mais de 5 milhões de estudantes e professores da rede pública de ensino.
Segundo dados da própria empresa, o objetivo com uma destas ações é contribuir para reduzir o déficit médio de 300 mil profissionais na área de tecnologia no Brasil.
No contexto de outros eixos do ESG, há, também, o caso recente da Natura, que foi reconhecida pelo Ethisphere Institute, num ranking de 130 empresas globais, como uma das empresas mais éticas do mundo em 2021, obtendo destaque pela 11ª vez na categoria Saúde & Beleza.
O Ethisphere Institute define padrões para as práticas éticas nos negócios e sua metodologia contempla um processo de avaliação que inclui mais de 200 perguntas sobre cultura, práticas ambientais e sociais, atividades de ética e conformidade, governança, diversidade e iniciativas para apoiar uma forte cadeia de valor. Seu processo funciona como uma estrutura operacional que faz a captura e codificação das principais práticas de organizações em todos os setores, num contexto mundial.
Em 2021, ele foi expandido para avaliar como as empresas estão se adaptando e respondendo à Covid-19, além de fatores ambientais, sociais e de governança, segurança, equidade e inclusão e justiça social. Para saber mais sobre o ranking, basta acessar o site www.worldsmostethicalcompanies.com.
Por fim, como último exemplo de assuntos que se contextualizam nesta discussão, há os resultados da pesquisa “Vida Saudável e Sustentável 2020: Um Estudo Global de Percepções do Consumidor”, realizado pelo Instituto Akatu e GlobeScan, e que está disponível para acesso pelo link https://www.akatu.org.br/wp-content/uploads/2020/10/Pesq-VSS_2020-GlobeScan-e-Akatu-Publico.pdf.
A pesquisa apresenta a percepção de consumidores em 27 países, com destaque ao Brasil, contemplando, inclusive, temas afins à Covid-19, tendo em vista que os dados foram coletados em junho de 2020. Àqueles que tiverem interesse em conhecer alguns dos principais resultados da pesquisa, destacamos os seguintes dados obtidos junto aos entrevistados:
Note, portanto, com estes exemplos, a relevância do ESG num contexto contemporâneo definido pelas empresas, demandando o entendimento do ESG como uma filosofia que deve fazer parte da cultura da empresa, ganhando contornos, inclusive, de vantagens competitivas sustentáveis em seus negócios de atuação.
Para contribuir com você na compreensão deste movimento também como parte de um processo de inovação em ESG que sua empresa pode incorporar, inclusive para saber como outras empresas estão lidando com a agenda ESG, além de suas vantagens para empresas proativas nesta agenda, a relação entre o tema, a produtividade e os efeitos na construção de comitês internos, recomendamos acompanhar a primeira edição do FDC Debates, da Fundação Dom Cabral, que abordou o tema num podcast com o Prof. Heiko Spitzeck (Diretor do Núcleo de Sustentabilidade da FDC) e Carlos Arruda (Gerente Executivo do Núcleo de Inovação e Empreendedorismo da FDC). O conteúdo digital está disponível para acesso pelo link https://podcasts.apple.com/br/podcast/fdc-debates-1-a-inova%C3%A7%C3%A3o-em-esg/id1485568574?i=1000510645149.
Como complemento desta contribuição, há, também, outro podcast, agora da Rádio CBN, apresentando o programa “CBN Sustentabilidade”, com Rosana Jatobá, onde o ESG é contextualizado no aspecto do retorno financeiro com o propósito de lucrar, mas pensando nas próximas gerações. A discussão ocorre com Mariana Oiticica, co-head da área de ESG e Investimento de Impacto do banco BTG Pactual. Seu conteúdo digital está disponível pelo link https://cbn.globoradio.globo.com/media/audio/325727/esg-propoe-retorno-financeiro-com-um-proposito-luc.htm.
A partir desta leitura feita, do acesso aos links disponibilizados e, também, do conteúdo dos podcasts, acreditamos que você possa refletir sobre o tema e discutir possibilidades de sua articulação no contexto de sua empresa, envolvendo outros funcionários e equipe de gestão, com vistas a detectar, ao menos, um dos ODS que mais se aproxima das verdades, crenças e valores organizacionais, configurando tal ato como um começo muito importante e estratégico de uma caminhada que proporcionará benefícios e vantagens a todos e a tudo.
balaminut | abril 2021
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