Desenvolvimento social com inclusão e garantia de direitos; modo de produção eficiente, ambientalmente sustentável e inclusivo; defesa da democracia e reconstrução do Estado e da soberania; desenvolvimento regional no contexto de mudanças estruturais ambientalmente sustentáveis. De acordo com a presidenta do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Luciana Mendes Santos Servo, esses são os quatro eixos do acordo de cooperação técnica firmado neste ano entre o Ipea e a Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (Cepal), dando continuidade a uma parceria que já dura 50 anos.
Para celebrar a cooperação histórica, foi promovido, nesta quinta-feira (21), um seminário comemorativo que discutiu os principais marcos da colaboração e os caminhos futuros. O evento ocorreu no auditório do Ministério do Planejamento e Orçamento (MPO), com transmissão ao vivo pelo canal do Ipea no YouTube. Além da presidenta do Ipea, participaram também do evento o secretário de Articulação Institucional do MPO, João Villaverde, e o secretário executivo da Cepal, José Manuel Salazar Xirinachs.
Luciana ressaltou que a história da Cepal no Brasil se confunde com a história de construção do Ipea, cuja missão inicial relacionava-se diretamente com o que se entendia como desenvolvimento, com foco econômico. Agora, é preciso pensar em oportunidades de cooperação em um contexto de profundas transformações, olhando de forma ampla e integrada para os processos de transição demográfica, digital e ecológica. “Como juntá-las em um modelo de desenvolvimento que seja efetivamente inclusivo e sustentável?”, provocou.
O secretário executivo da Cepal afirmou que, ao longo dessas cinco décadas, a cooperação entre as duas instituições foi essencial. “Tivemos uma infinidade de publicações, eventos e recomendações para o Brasil e para a América Latina. E é fundamental que sigamos colaborando”, comentou Xirinachs, destacando ainda que o momento indica novos desafios para a região, num contexto de muita rivalidade entre países.
Para apoiar os governos da América Latina na superação desses desafios, o secretário executivo anunciou um acordo firmado com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para a criação de uma escola de governo focada em políticas de desenvolvimento. Ele reiterou que não basta promover qualquer tipo de crescimento, mas aquele que gere desenvolvimento produtivo, inclusivo e sustentável.
João Villaverde ressaltou o papel do Ipea e da Cepal para influenciar e aprimorar as políticas públicas. “A reconstrução do MPO é muito simbólica, traz o planejamento, o orçamento, a avaliação de políticas públicas, o relacionamento com organizações internacionais, a integração sul-americana. Traz vida, diálogo com o Ipea e diálogo com Cepal. E, com mais diálogo, sempre alcançamos mais”, afirmou.
Programação
O primeiro painel do evento discutiu a formação do pensamento econômico no Brasil e na América Latina e os principais marcos da cooperação Ipea-Cepal nos últimos 50 anos. “Para sairmos de uma vez por todas desse pacto com o subdesenvolvimento, é preciso ter coragem de colocar a inclusão socioambiental no centro da estratégia de desenvolvimento produtivo”, afirmou a assessora do BNDES, Marília Marcato. Ela ressaltou que esse é um desafio grande, não apenas pela disputa política em torno da pauta, mas também pela necessidade de capacitar a burocracia e orientar a arquitetura estatal para esse sentido, razão pela qual o BNDES firmou o acordo com a Cepal para a formação da Escola de Desenvolvimento, voltada a capacitar servidores públicos em temas estruturantes e tópicos instrumentais.
No segundo painel, o tema abordou as oportunidades e desafios para o crescimento inclusivo e sustentável no século XXI. Camila Gramkow, diretora do Escritório da Cepal no Brasil, apresentou a abordagem do Big Push para a sustentabilidade, voltada à transformação estrutural de modelos de desenvolvimento, vendo a política climática não como obstáculo, mas como direcionador do crescimento econômico.
Ela apontou a área estratégica de indústria e desenvolvimento produtivo como um diferencial desta abordagem, para evitar que todo o investimento seja feito a partir de importações. “Não quero diminuir a urgência inquestionável da descarbonização, mas se não dermos atenção especial à origem geográfica e às oportunidades de empreendimentos e cadeias de valor que podem ser geradas a partir dos investimentos verdes, vamos perder a oportunidade de fazer grande big push de investimentos sustentáveis, olhando também para as outras dimensões”, explicou.
O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello, ressaltou que a transformação ecológica é a oportunidade que o Brasil e a América Latina têm de retomar uma estratégia de desenvolvimento. “Dentro da 4ª Revolução Industrial, existe forte componente de sustentabilidade, de energia limpa, combustíveis alternativos, produção com baixa intensidade de carbono. Pela primeira vez, em 40 anos, estamos bem posicionados”, defendeu.
O desenvolvimento produtivo digital e sustentável foi abordado no terceiro painel e, para finalizar o seminário, dois temas atuais e relevantes: os desafios para a democracia e coesão social na América Latina e as oportunidades do envelhecimento populacional, no contexto da Economia Prateada.
Fonte: ipea.gov
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