Ipea debate impactos sociais e econômicos do Corredor Bioceânico em seminário internacional

 

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) marcou presença no Seminário Internacional da Rota Biocêanica e no 6º Foro de los Gobiernos Subnacionales del Corredor Bioceánico, realizados entre 18 e 20 de fevereiro, em Campo Grande, Mato Grosso do Sul.

O evento reuniu especialistas e autoridades para debater os impactos sociais e econômicos da implantação do Corredor Bioceânico. Com 3.300 quilômetros de extensão, o trajeto integrará, de maneira mais eficiente, o Brasil (principalmente o Centro-Oeste), ao Chaco paraguaio, ao Noroeste argentino e ao norte chileno e promete reduzir significativamente o tempo de transporte das exportações brasileiras para a Ásia-Pacífico.

Ao todo, foram registradas mais de 1.400 inscrições, com ampla participação de representantes da sociedade civil, acadêmicos, atores subnacionais - oito governadores estiveram presentes - e autoridades nacionais argentinas, chilenas, paraguaias e brasileiras, lideradas pela ministra do Planejamento e Orçamento Simone Tebet, que apresentou o projeto Rotas de Integração Sul-Americana.

Foram realizados cinco painéis de apresentação e debate, com os temas: setor privado; infraestrutura; tecnologia e inovação; alfândega e impacto social. O Ipea foi o mediador do painel de impacto social e participou da Comissão de Comércio e Procedimentos de Fronteira.

Os debates concentraram esforços nos desafios comuns de se construir uma adequada governança do caminho bioceânico. Foram enfatizadas as oportunidades de compatibilização de agendas aduaneiras, normativas e regulatórias e a necessidade de se harmonizar desenvolvimento econômico e sustentabilidade, de modo a promover externalidades positivas e melhor dimensionar os impactos sociais ao longo da nova infraestrutura.

O técnico de planejamento e pesquisa Pedro Silva Barros, coordenador do projeto “Integração Regional: o Brasil e a América do Sul”, representou o Ipea na mediação do Painel de Impacto Social, espaço que também contou com as apresentações da secretária de Assistência Social e dos Direitos Humanos de Mato Grosso do Sul, Patrícia Elias Cozzolino de Oliveira, e da diretora regional em Antofagasta da ProChile, agência de promoção das exportações do governo chileno, Marcia Rojas Ponce.

Recuperando estudos produzidos pelo Ipea, notadamente um livro sobre o Corredor  Bioceânico (2020) e os Textos para Discussão 2901 e 3028, Barros discutiu as transformações que o novo corredor rodoviário trará para o Brasil e para os demais países envolvidos.

“Há muito potencial em um projeto dessa magnitude, seja na geração de empregos da própria obra da ponte e pavimentação de estradas, seja em outras atividades de logística, serviços e novos setores produtivos que, se adequadamente planejadas e articuladas, devem gerar ainda mais efeitos positivos em um futuro próximo. Ao mesmo tempo, somos parte de uma região desigual que exige que o projeto incorpore os temas ambiental e social em todas as etapas de planejamento, execução e, principalmente, depois, durante sua gestão”, explica o técnico de planejamento e pesquisa do Ipea.

As obras da ponte que será construída sobre o rio Paraguai, na altura Porto Murtinho (MS), têm previsão de serem concluídas no primeiro semestre de 2027 e prometem melhorar também a circulação de passageiros, o que beneficiará setores como comércio, serviços, turismo e agroindústria.

No encerramento do evento, o secretário de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação de Mato Grosso do Sul, Jaime Verruck, destacou a importância das contribuições do Ipea para a estruturação da governança do Corredor Bioceânico: “A primeira avaliação que nós fazemos é sobre a maturidade do nível de governança. Quando nós iniciamos todo esse processo existia sempre uma preocupação. O Ipea publicou um livro sobre a governança da rota, que eu tive o prazer de fazer o prefácio, e, a partir daquele livro nós passamos a entender o grande desafio que tínhamos na governança. Chegar nessa última reunião com todos os governadores e perceber a maturidade da governança em cada um dos territórios é uma consolidação e talvez seja o resultado mais prático e visível dessa reunião”. 

 

 

 

 

Fonte: ipea.gov

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