A depreciação é um custo que não representa um pagamento efetivado na mesma época de sua contabilização. Por isso, ela tem importante significado econômico ao representar a recuperação de fundos para aquisição de novos ativos, suas implicações sobre o fluxo de caixa e sobre o processo decisório de novos investimentos. Para facilitar este entendimento, vamos conceituar a depreciação sob três aspectos altamente coerentes, o contábil, o financeiro e o de custo.
Contábil
Podemos definir que depreciação é o modo pelo qual se registra, contabilmente, a perda gradual de valor dos bens do Ativo Imobilizado resultante do desgaste natural, provocado pelo uso, pela ação da natureza ou pela obsolescência normal, seja ela técnica ou comercial. Com algumas exceções, como terrenos, as pedreiras e os locais utilizados como aterros, os demais elementos que integram o Ativo Imobilizado tem um período de vida útil econômica limitado, portanto, depreciáveis e devem ser alocados ao resultado nos períodos beneficiados pelo seu uso no decorrer da sua vida útil econômica.
Como referência, a Norma Brasileira de Contabilidade, NBC TG 1000, Seção 17 – Ativo Imobilizado, trata da contabilização da depreciação para as Pequenas e Médias Empresas (PMEs) e a NBC T 19.1 - Ativo Imobilizado, para as demais empresas.
Financeiro
Sob o aspecto financeiro podemos definir a depreciação como forma de recuperação dos valores gastos a título de investimento no negócio. No momento em que é reconhecida sua contabilização não há uma saída de caixa efetiva. O custo do investimento equivalente à depreciação é considerado na análise de retorno do investimento e a politica de gestão de ativos pode considerar a alienação de ativos após um período determinado ou após o consumo de uma proporção específica de benefícios econômicos esperados para aquele tipo de ativo.
Custo
A empresa para gerir suas atividades operacionais e colocar seus produtos no mercado convive com dois tipos de gastos de natureza diversa. O primeiro, com bens e serviços que serão consumidos imediatamente como salários, aluguel, energia elétrica, matéria-prima, material de escritório, frete etc. O segundo tipo de gasto, que não serão consumidos imediatamente, estão relacionados com o Ativo Imobilizado. A empresa efetua o pagamento desses bens, com prazo de consumo diferente do seu pagamento, por ter vida útil econômica que normalmente atinge vários anos.
Considere, como exemplo, uma empresa que comprou um equipamento e pagou o seu preço de uma só vez. É um bem absolutamente necessário e o equipamento deverá ser utilizado por vários anos, até ser consumido integralmente. Este investimento não deverá ser contabilizado como custo, já que não haverá o consumo imediato, evitando assim reduzir o lucro artificialmente no período em que fez a sua compra.
A compra do equipamento será ativada como imobilizado e transferido para o custo, por meio dos processos de depreciação, nos períodos em que for efetivamente utilizado, recuperando esse gasto com as vendas ao longo dos anos em que este bem gerar seus benefícios econômicos. Assim, o gasto efetivado de uma só vez, será convertido para custo ou despesas de forma proporcional e gradativa ao longo dos anos em que se estima a sua vida útil econômica.
Depreciação é, portanto, a forma de transformar os valores investidos no Ativo Imobilizado, que não são consumidos imediatamente, em custo ou despesas, à medida que for gerado os benefícios econômicos esperados.
Depreciação como forma de poupança para novas aquisições
O conceito de depreciação como fundo de reserva é válido no sentido de que os bens do Ativo Imobilizado, com uma vida útil estimada e, por conseguinte, com um fim estimado, deverão ser repostos, para que a empresa não sofra descontinuidade. Desse entendimento, podemos contabilmente evidenciar quais valores estão sendo consumidos e que deverão ser repostos no futuro, para que a empresa se prepare financeiramente reservando todo ano uma parcela do valor dos seus ativos, imaginando novos investimentos para quando chegar a hora de sua reposição.
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